
EUA pressiona Rússia e Ucrânia com proposta de 'trocas territoriais'

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, exigiu nesta quarta-feira (13) que Rússia e Ucrânia alcancem um acordo no conflito entre os dois países, com a proposta de "trocas territoriais", enquanto negociações acontecem em Londres entre autoridades americanas, ucranianas e europeias.
Vance afirmou, durante uma visita à Índia, que seu país fez uma "proposta muito explícita" às duas partes, que inclui a necessidade de troca de territórios, "e é hora para que digam sim ou para que os Estados Unidos se retirem deste processo".
"Este é o momento, acredito, de dar, se não o passo final, um dos passos finais, que é, em um nível mais amplo, dizer que vamos parar com as mortes, que vamos congelar as linhas territoriais em algum nível próximo de onde elas estão hoje", acrescentou Vance.
"Agora, é claro, isso significa que ucranianos e russos terão que renunciar a uma parte do território que possuem atualmente", completou.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, não recebeu estas palavras como um ultimato. "Os Estados Unidos continuam com seus esforços de mediação, e celebramos isso", declarou.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, por sua vez, insistiu na necessidade de um cessar-fogo "imediato, completo e incondicional" como um passo prévio para negociações de paz.
- Reunião em Londres de menor impacto -
O governo britânico reiterou que cabe "à Ucrânia decidir sobre seu futuro", enquanto o governo francês afirmou que a "integridade territorial" deste país é uma "exigência muito firme" dos europeus.
A Ucrânia e seus aliados europeus exigem o retorno completo às fronteiras anteriores a 2014, uma posição que o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, qualificou em fevereiro como 'irreal'.
A reunião desta quarta-feira em Londres tem uma importância menor que a esperada a nível diplomático, depois que a presença de ministros foi cancelada.
"A reunião sobre as negociações de paz na Ucrânia com os ministros das Relações Exteriores foi adiada", anunciou o governo britânico em um comunicado. "As discussões entre assessores continuam", acrescenta o texto.
A viagem do secretário de Estado americano, Marco Rubio, não havia sido anunciada oficialmente, mas o chefe da diplomacia dos Estados Unidos disse na semana passada em Paris que viajaria a Londres se considerasse útil - sua ausência permite pensar que a decisão foi motivada pela falta de avanços.
Andrii Yermak, chefe de gabinete do presidente Volodimir Zelensky, anunciou em sua chegada a Londres com vários ministros ucranianos que a delegação segue comprometida em trabalhar pela paz.
Andrii Sibiga, ministro ucraniano das Relações Exteriores, afirmou que participará, ao lado do ministro da Defesa Rustem Umerov, de uma reunião com seus homólogos britânicos, David Lammy e John Healey.
Ao mesmo tempo, os ataques aéreos russos foram retomados na Ucrânia após uma breve trégua de Páscoa.
As conversas em Londres são a continuidade de uma reunião em Paris, na semana passada, na qual Marco Rubio apresentou um plano para acabar com a guerra, sem obter grandes avanços.
O governo dos Estados Unidos é representado no encontro de Londres pelo enviado especial para a Ucrânia, o general Keith Kellogg.
O jornal britânico Financial Times (FT) afirmou nesta quarta-feira que o presidente russo, Vladimir Putin, propôs aos Estados Unidos interromper a invasão da Ucrânia e congelar a linha de frente atual.
Segundo o FT, Putin exigiria em troca que Washington aceitasse o reconhecimento da soberania da Rússia sobre a Crimeia, anexada em 2014, e o compromisso de não adesão da Ucrânia à Otan.
Cessar as hostilidades e congelar a linha de frente significaria que a Rússia renuncia a controlar regiões nas quais já ocupa amplos setores.
O emissário americano Steve Witkoff deve visitar Moscou esta semana, indicaram a Casa Branca e o Kremlin, sem informar a data.
Embora Washington esteja atualmente em negociações separadas com Kiev e Moscou, Zelensky afirmou na terça-feira que seu país está disposto a dialogar com a Rússia apenas após um cessar-fogo.
O presidente ucraniano acrescentou que "gostaria" de se encontrar com Trump no sábado no Vaticano, onde ambos assistirão ao funeral do papa Francisco.
G.Miller--SFF