
Urnas começam a ser fechadas no Canadá em pleito marcado por ameaças de Trump

Os canadenses votaram nesta segunda-feira (28) para eleger um novo governo, que vai enfrentar a guerra comercial de Donald Trump e suas ameaças de anexar o Canadá, uma provocação que o presidente dos Estados Unidos voltou a fazer em plena jornada eleitoral.
O Partido Liberal é o favorito nas pesquisas, com seu líder, o primeiro-ministro Mark Carney, à frente de Pierre Polievre, do Partido Conservador.
Os centros de votação no Canadá, onde há seis fusos horários, começaram a fechar, mas não se espera a estimativa de um resultado até muito mais tarde nesta segunda-feira.
Trump se intrometeu na votação com seus comentários sobre a soberania do Canadá. "Escolham o homem que tem força e sabedoria para cortar seus impostos pela metade e aumentar seu poder militar", escreveu ele na sua rede social, Truth Social.
"Zero tarifas ou impostos se o Canadá se tornar o 51º estado dos Estados Unidos", acrescentou.
Polievre respondeu no X: "Presidente Trump, não se meta em nossas eleições. O Canadá sempre será soberano, orgulhoso e independente, e NUNCA seremos o estado 51."
Carney também respondeu: "Este é o Canadá e nós decidimos o que acontece aqui", publicou no X o político, de 60 anos, que nunca ocupou um cargo eletivo, mas que assumiu como primeiro-ministro há um mês para substituir Justin Trudeau.
- 'Forte e sério' -
A guerra comercial e as ameaças de Trump à soberania canadense dominaram a campanha eleitoral, durante a qual Carney se tornou o candidato mais forte a assumir o desafio de um confronto com o presidente americano, segundo pesquisas, apesar de, semanas antes, Polievre parecesse ser o favorito.
As pesquisas mais recentes, divulgadas ontem pela emissora CBC, preveem uma disputa acirrada, com 42,8% dos eleitores em favor dos liberais, e 39,2%, dos conservadores.
"Queria votar por uma mudança no Canadá, que os liberais saíssem, mas, votarei em Carney, porque é um homem forte e sério, e é disso que o país precisa para enfrentar Trump", disse o engenheiro Hamza Fahri, 28, que vive em Montreal.
Kelsey Leschasin, habitante da província conservadora de Saskatchewan, manifestou vontade de mudança. "Não concordo com o governo liberal", disse em Montreal, onde participava de uma conferência.
- Giro -
Em 6 de janeiro, quando o ex-primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou sua renúncia, os liberais estavam mais de 20 pontos atrás dos conservadores na maioria das pesquisas, e Poilievre parecia o provável futuro premier. Nas semanas seguintes, Trump iniciou sua guerra comercial, enquanto falava repetidamente em integrar o Canadá aos Estados Unidos, e os prognósticos se reverteram.
Carney, que dirigiu os bancos centrais do Canadá e do Reino Unido, afirmou durante a campanha que sua experiência nos meios financeiros o tornava o candidato ideal para defender o Canadá da ofensiva tarifária de Trump.
Por sua vez, Poilievre, de 45 anos, concentrou-se nos problemas domésticos que tornaram Trudeau impopular após uma década no poder, principalmente devido ao custo de vida elevado.
O político conservador afirma que Carney vai dar continuidade "à década perdida liberal", e que apenas os conservadores podem enfrentar a criminalidade, escassez de moradias e outros temas que preocupam os canadenses, além das ameaças de Trump.
Em Ottawa, Caroline Jose, 46, mostrou-se preocupada e expressou que as ameaças de Trump causaram nos eleitores uma "espécie de pânico" e ofuscaram temas críticos, como a desigualdade de renda.
Segundo as pesquisas mais recentes, 42,8% dos canadenses apoiariam os liberais, e 38,8%, os conservadores. Na projeção de cadeiras, os liberais conquistariam quase 200 no Parlamento, onde a maioria é alcançada com 172.
U.Campbell--SFF